Quatrocentos e cinqüenta e oito anos de história! Seria impossível deixar de falar da Cidade de São Paulo, num momento em que todo o Brasil se volta à grande metrópole da América Latina. São Paulo é o lugar de várias culturas, de vários povos, onde se une pessoas, ideais, projetos de vida. Lugar, sem dúvida, de sonhos, conquistas, lutas e realizações. Na terra da garoa se desafia a própria sorte. São Paulo não é somente a Capital dos paulistas, é a Capital de várias gentes e raças, com seus costumes, tradições, misturando cores, estilos e sotaques. Quando alguém chega em São Paulo, logo se assusta com o exagero da metrópole, com a frieza dos concretos, dos arranha-céus e, ao mesmo tempo, se admira com a beleza elegante de sua arquitetura suntuosa, de suas alamedas, viadutos, praças e avenidas, de sua natureza escondida nos parques, de seu povo apressado e sonhador, que trabalha por dias melhores. São Paulo é assim mesmo! É sinônimo de cultura, arte e trabalho constante. Viver em São Paulo é desafiar a vida, descobrir talentos, realizar sonhos que em outros lugares não nos é permitido realizar pelas próprias limitações. Afinal de contas, não há limites para São Paulo. Belo Horizonte que me perdoe, mas São Paulo é a capital dos guaxupeanos e ninguém pode negar!
São Paulo é o berço de lembranças de um passado não muito distante, do meu passado... A infância na praça Roosevelt; o quintal da casa da vovó na Bela Vista; o Pátio do Colégio, a Praça da Sé, cenários de grandes manifestações políticas e sociais; o MASP – Museu de Arte Moderna à beira da Avenida Paulista; a esquina da Ipiranga com a avenida São João, que inspira poesia. Tudo isso é ou já foi cenário de nossas vidas. Quem nunca foi a São Paulo? Quem nunca viveu em São Paulo pelo menos uma semana ou onze anos como eu? Descrever São Paulo é abrir o coração e relembrar o difícil começo, os momentos alegres e tristes, é falar com paciência sobre o trânsito caótico, sobre o barulho incontrolável das buzinas, sobre o corre-corre das pessoas, sobre o cheiro cinzento no ar. Isto tudo é pura sedução que emociona. “Quem te conhece não esquece jamais”, ó querida São Paulo dos mineiros. Descrever São Paulo na sua essência é dizer sobre sua generosidade em formar e amadurecer pessoas para a vida, pois é uma cidade que arranca a fragilidade e encoraja homens. São Paulo, como diz Caetano Veloso é chamada de “realidade porque é o avesso do avesso do avesso”. Uma terra de contradições, contrastes, onde há muita riqueza e muita pobreza, muita fome e boa comida, muito amor e muita violência, muita poluição e canto de pássaros no Trianon, onde se ganha e onde se perde, onde se constrói e onde se destrói coisas belas.
São Paulo é a mãe gentil, que abraça os olhares espremidos dos orientais na Liberdade; que recebe o requinte da gastronomia dos italianos no Brás e no Bexiga; que acolhe o talento e o desprendimento nordestino; que se acostuma com o jeito sincero, desconfiado e silencioso dos mineiros. Enfim, amamenta nações, através de seus imigrantes, que a ajudaram crescer e se desenvolver. São Paulo é a eterna terra da garoa, da sobrevivência e dos sonhos. Sonhar em São Paulo é preciso, mesmo que ao olhar para o céu não consigamos contemplar as estrelas, que são apagadas pela feia fumaça da selva de pedra.
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